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Nuu Alimentos transforma sua produção em prol do meio ambiente

09/08/2023

Quando a empresária Rafaela Gontijo decidiu abrir a Nuu Alimentos para preservar o sabor e a simplicidade da receita do pão de queijo mineiro, ela não imaginava que esse seria o início de uma história que traria muitos outros significados para essa ideia de “preservação”.

Com indústria em Patos de Minas, no interior de Minas Gerais, a empresa especializada em alimentos congelados, viveu uma transformação durante a pandemia e embarcou em uma jornada regenerativa que inclui compensação de carbono e de embalagens, além de uma trabalho junto à cadeia de fornecedores para garantir uma produção sustentável. 

Criada em 2015, a empresa produzia a partir de uma indústria terceirizada e vendia em feirinhas de produtos no Rio de Janeiro. Em pouco tempo o negócio foi crescendo e ganhando grandes redes varejistas como Pão de Açúcar, Carrefour, Zona Sul e cafeterias em São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e Santa Catarina.

A grande mudança na produção aconteceu em 2020, quando a fundadora Rafaela Gontijo ficou grávida de gêmeas e, durante o período de isolamento, se mudou para Patos de Minas. Foi lá que ela iniciou uma profunda investigação sobre o impacto da Nuu Alimentos no planeta.

“Foi um ano inteiro de muito estudo sobre como essa empresa que eu estava criando ia impactar o futuro que as minhas filhas vão viver. Investigamos os ODS e entendemos que os temas ligados à causa climática eram os mais importantes pra gente. Estudamos toda a nossa cadeia: do solo ao prato, entendendo onde estavam as  principais fontes de emissão de gases de efeito estufa”, relata.

A partir dessa investigação, a empresa reestruturou sua gestão a partir de três verticais: cadeia de valor; manufatura e produto. A ideia era pensar em soluções sustentáveis para cada uma dessas áreas.

Produção

As primeiras ações foram na produção. A Nuu Alimentos inaugurou sua própria indústria que funciona a partir da lógica da economia circular. A fábrica possui 210 placas de energia fotovoltaica, que geram uma economia de aproximadamente R$11 mil por mês de energia, além de captação de água de chuva de 10 mil litros e piso de concregrama para absorção de água.

Também conta com fossa filtro para tratamento de efluentes, janelas de vidro para utilização de luz natural, telha termoacústica para manter a temperatura 8 graus abaixo da área externa e composteira em terra para resíduos orgânicos. A Nuu Alimentos também opera com 100% de compensação de embalagens pelo selo Eu Reciclo.

Hoje, a Nuu também é uma empresa carbono neutro e, para auxiliar no cálculo de emissão de gases de efeito estufa, contou com a parceria da Way Carbon e do Amigos do Clima. O caminho para chegar ao resultado considerou desde os gases emitidos pela pecuária leiteira até o forno onde o pão de queijo é finalizado na casa do consumidor. O total foi de 585 toneladas de gases até o final de 2021, que já foram compensados na preservação da Floresta Amazônica em Paragominas, no Pará.

Produtos

Na vertical de produtos, as ações focaram a preservação dos sabores e cultura locais. A marca começou a substituir referências internacionais pelas brasileiras. Um exemplo é a pizza de pepperoni, que é um produto tipicamente italiano, que foi substituída pela pizza de linguiça mineira artesanal.

Outros produtos também trazem essa referência local, como a pizza de queijo com goiabada e a pizza de frango, que é anunciada como uma “experiência caipira”.  Para Rafaela, essas são mudanças que parecem simples, mas que trazem valor para os produtos locais, beneficiando as famílias de produtores.

Cadeia de valor

A fundadora afirma que as mudanças na cadeia de valor foram as mais desafiadoras, principalmente por ser essa vertical que mais gera emissão de gases de efeito estufa em todo o processo produtivo da Nuu Alimentos.

“Nossa cadeia de valor são os produtos de origem animal, como leite e ovos. Mas não queríamos mudar isso porque são a base das nossas receitas, então a solução foi mexer na cadeia de produção. Investimos na produção local e, hoje, 80% dos nossos fornecedores estão em um raio de 40 km da fábrica”, diz.

Rafaela afirma que o objetivo é capacitá-los, a fim de tornarem a produção mais sustentável, na lógica da agricultura regenerativa. Ela afirma que esse é um trabalho árduo, pois passa por investimentos altos em novas tecnologias, além de transformação cultural dos produtores. 

“Esse trabalho de convencimento não é fácil porque os pequenos produtores rurais dependem da terra e têm pouco acesso à informação e ao crédito para fazer essa transformação. Nós entendemos que somos responsáveis por trazer essa lucidez a eles, além dos mecanismos necessários para a mudança. Essa é uma ação que pretendemos avançar nos próximos anos”, diz.

Para a CEO, embarcar nessa jornada regenerativa é um caminho sem volta. “Hoje, quando olho o que fazemos sei que avançamos muito, mas tenho aquela sensação de que ainda falta muito. Há muitos problemas relacionados à questão climática, à igualdade de gênero, às relações justas de trabalho que precisam ser resolvidas e quando você consegue ver tudo isso, é impossível desver. E se não formos nós, quem será? Se não for agora, quando?”, destaca.

Texto: Thaíne Belissa

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